Quando era muito jovem, dizia que gostava de ser mãe aos 25 anos. Na Adolescência, mesmo quando insistia que nunca iria casar, esta ideia permanecia.
Julgo que foi coincidência quando o meu relógio biológico despertou, precisamente, aos 25 anos... ou talvez não!
A minha relação com o Ricardo já tinha 4 anos de existência, já tinhamos adquirido a nossa casa e, apesar de nos termos um ao outro, sentiamos falta de mais alguém para nos completar, de mais um membro para a nossa família: um filho!
Completei os 26 anos de idade grávida de 2 meses.
Não sentí enjôos ou outros sintomas desagradáveis comuns à gravidez, excepto os vómitos quando já não havia vida no meu ventre, e eu não o sabia porque não sentí esta morte...
Já passava alguns dias das 12 semanas de gravidez quando fui fazer a Ecografia. Eu estava radiante, e o Ricardo nervoso (mas feliz). Ambos desconheciamos a fatalidade por que iriamos passar...
Quando olhei para o ecrã e ví que o embrião não se mexia, fiquei logo alarmada e perguntei à médica o que se estava a passar. Ela fez um longo silêncio... parecia uma tormentosa eternidade...
O Ricardo levantou-se da cadeira e, num misto de revolta e preocupação, dirige-se à médica:
- Mas, afinal, o que se passa?
- Lamento... o embrião não tem batimentos cardíacos... não sobreviveu...
Ela ainda tentou explicar os motivos que poderiam ter causado aquele aborto, mas eu estava muda e surda, perdida nos meus pensamentos. Revia todos os momentos da gravidez para tentar perceber onde é que eu tinha errado, o que eu tinha feito mal, como tinha morto o meu bebé...
Na Maternidade, onde fiquei internada durante 3 dias, as médicas e enfermeiras, por entre Ecografias e colocação de comprimidos no meu Útero, provocaram-me a expulsão do embrião.
Eu sentí dores horríveis - "são as dores de parto", me explicaram - e ví o meu bebé morto. Eu não queria acreditar que aquele pequenininho ser, com cabeça, braços, pernas, mãos e pés, estava morto...
No dia da alta, uma médica veio falar comigo e com o Ricardo. Explicou que o embrião tinha morrido devido a uma incompatibilidade cromossómica, e que tinha sido a Natureza a remediar a sua falha ao tirar-lhe a vida. Se tivesse sobrevivido, teríamos tido um bebé com graves deficiências.
A médica também nos deu esperança ao dizer que nós podíamos tentar novamente ter um bebé, ao fim de 2 meses de repouso, porque a probabilidade de vir a ser saudável continuava a ser boa.
Sabe, eu sempre tive uma grande admiração e compaixão de mães de filhos deficientes, pois elas têm uma capacidade de amar descomunal!...
Ao fim de algum tempo consegui engravidar outra vez! Completei os 27 anos grávida de 4 meses! É uma menina, e tudo indica que é perfeitinha!... Eu e o Ricardo, obviamente, estamos radiantes e muito agradecidos a Deus por nos dar uma oportunidade de podermos concretizar o nosso sonho de sermos pais!...
Tenho tudo sobre a outra gravidez guardado numa caixa, destinada apenas para este propósito. De vez em quando não resisto em mexer e reviver esta primeira experiência...
Eu digo que fui visitada por um anjinho, por um curtinho espaço de tempo, que me veio demonstrar que apesar de tudo o que passei na minha vida, ainda aqui estou, cada vez mais forte e lutadora!
Meu anjinho, eu e o papá nunca te esqueceremos!...
Nota: As fotografias são pessoais. Agradecia que não fossem utilizadas sem autorização prévia.
Que bom que estas gravida! Parabéns. Beijos.
ResponderEliminarObrigada!
ResponderEliminarJá está quase a nascer a minha menina!
Beijos!
Foi emocionante ler, e acho que é de uma grande coragem escrever isto. Já reparei que já nasceu a tua menina, e fico contente. Certamente és uma mulher corajosa. Espero que sejas muito feliz.
ResponderEliminarbeijinhos
Obrigada!
ResponderEliminarApenas escreví isto porque sei que cada vez mais há mulheres a passar por este tipo de situações, e se o meu caso lhes servir de alento para não desistirem, ficarei ainda mais feliz por isso!
Sim, já sou mamã de uma filha linda! Valeu a pena ter tentado novamente!...
Um abraço grande!